A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOONCOLOGIA NO DIAGNÓSTICO E DESMISTIFICAÇÃO DA NEOPLASIA DE PRÓSTATA

Publicado em 11/03/2020 - ISBN: 978-65-86090-03-1

Título do Trabalho
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOONCOLOGIA NO DIAGNÓSTICO E DESMISTIFICAÇÃO DA NEOPLASIA DE PRÓSTATA
Autores
  • Francisco de Assis Sebastião de Paiva
  • Arthur loubet junior
  • Débora Teixeira da Cruz
Modalidade
Comunicação oral (Resumo expandido)
Área temática
Saúde Pública
Data de Publicação
11/03/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://eventos.unigran.br/anais/conins/190410-a-contribuicao-da-psicooncologia-no-diagnostico-e-desmistificacao-da-neoplasia-de-prostata
ISBN
978-65-86090-03-1
Palavras-Chave
Tabus; Masculinidade; Neoplasia; Desânimo
Resumo
INTRODUÇÃO O câncer é uma doença1 de origem antiga, que nos dias atuais tem uma frequência relevante para a população contemporânea, sendo considerada uma doença temerosa da saúde pública, tendo em vista que a mesma envolve questões referentes ao aspecto biopsicossocial. Na contemporaneidade a sociedade tem enfrentado a doença do século, discriminada como neoplasia que se configura como um dos principais problemas de saúde pública. Causa grande impacto econômico deixando a sociedade vulnerável, por se tratar de uma doença crônica degenerativa que afeta várias dimensões da vida humana, necessitando de tratamento curativo ou paliativo2. A neoplasia de próstata é uma doença maligna, comumente ligada ao avanço da idade dos homens, cujo ápice de incidência abrange aos 70 anos. Entre os fatores de risco, além da idade, estão: histórico familiar, dieta, obesidade e etnia. Estudos apontam que indivíduos que moram em regiões onde o sol é predominante produzem mais Vitamina D e estão menos propensos a desenvolver a doença. Conforme Tortora e Derrickson a próstata cresce lentamente até a puberdade4, quando passa a crescer rapidamente até por volta dos 30 anos, permanecendo no mesmo tamanho até a idade de 45 anos, a partir disso, poderá apresentar crescimento extra. A próstata produz fluido rico em enzimas, citrato e o PSA (Antígeno Prostático Específico), essenciais para a fecundação5. Esse líquido corresponde a um terço do total do sêmen, sendo eliminado durante a ejaculação, cuja função é ativar os espermatozoides. A Psicooncologia de acordo Carvalho et al, é uma área de conhecimento da Psicologia da Saúde, cuja finalidade é atuar junto aos pacientes diagnosticados com câncer, visando proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente e familiares6. Os Psicólogos atuam junto a uma equipe multidisciplinar, com a finalidade voltada a fazer com que essas pessoas encontrem novas maneiras de lidar com o sofrimento decorrente da patologia. Este campo de atuação tem se mostrado eficaz no que se refere ao auxílio e enfrentamento da doença. A presente pesquisa tem por objetivo geral investigar e comparar os dados de neoplasia de próstata em homens residentes na capital do estado de Mato Grosso do Sul; e como objetivos específicos: compreender os fatores que dificultam a prevenção masculina em relação à doença; investigar a atuação do Psicólogo no auxílio do enfrentamento dos sintomas da doença; estudar as possíveis contribuições da Psicooncologia em relação ao câncer de próstata. METODOLOGIA A metodologia adotada foi qualitativa de cunho teórico e revisão bibliográfica. Os resultados foram baseados em dados estatísticos oficiais do INCA (Instituto Nacional de Câncer). Referenciando com artigos indexados em sites científicos da Bireme, Medline, Lilacks, publicados na língua portuguesa. As Referências utilizadas foram publicadas entre o ano de 2000 a 2018, também foram utilizados livros do acervo da Faculdade Unigran Capital que conceituam as neoplasias em adultos, impacto emocional, social e família. Para pesquisa bibliográfica foram utilizados descritores: Tabus; Masculinidade; Neoplasia; Desânimo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os diversos casos de neoplasia maligna em homens a maior incidência foi classificada na patologia referenciada na neoplasia de próstata, de acordo com os dados oficiais do INCA (Instituto Nacional de Câncer), a estimativa para 2018 no estado do Mato Grosso do Sul pode alcançar um quantitativo de 1.190 (mil cento e noventa), considera-se que a probabilidade dos novos casos especificamente para o município de Campo Grande – MS pode estar na faixa de 410 (quatrocentos e dez) novos casos. Com base nos dados de referência do INCA observou-se que a incidência de câncer de próstata nos homens tem como taxa bruta de incidências relativas ao ano de 2018, os resultados demonstraram uma representação de 86,47 casos/100.000 habitantes no Estado de Mato Grosso do Sul, em relação a Capital, a incidência de novos casos é maior, alcança o número de 95,19 casos/100.000 habitantes. Com a discrepância em casos na capital e no estado percebe-se a necessidade do trabalho do Psicólogo para atuar de forma interventiva nos casos e projetos que envolva a atuação ativa da Psicologia da Saúde7 junto à comunidade, uma vez que é preciso esta interação de modo a alcançar o público masculino para tratar das questões preventivas. Palestras e grupos de apoio nas UBSFs (Unidade Básica de Saúde da Família), nos CRAS (Centro de Referência da Assistência Social); Projetos Sociais junto à comunidade, empresas, eventos esportivos, Centros Comunitários e etc. a fim de mostrar as estimativas de números de casos e salientar a importância para a prevenção da doença. Conforme Araújo et al. o câncer de próstata traz consigo um impacto social muito grande para o homem, pois, no senso comum, trata - se de um órgão responsável pelo desejo e prazer sexual, reprodução e ereção masculina. No que se refere à reprodução, a próstata está relacionada à liberação de secreção, fornecimento do prazer sexual e pela vitalidade do universo masculino, proporcionando o poder simbólico de ser viril dominante do prazer sexual e capaz socialmente. Os homens podem apresentar variadas respostas relacionadas à sexualidade que podem ser indicadoras de conflitos com a própria sexualidade, de medo e angústia frente à masculinidade8. A retirada da próstata ocasiona a ausência da secreção prostática, e ter como consequência a menor vitalidade dos espermatozoides e a diminuição do líquido seminal, o que no imaginário do homem ocasionaria a diminuição da ereção peniana e de todo desenvolvimento sexual, força e prazer. O simbolismo masculino relacionado à próstata é indispensável para a sua caracterização como homem frente à sociedade e sua disfunção é transgressora desta caracterização (8,9), a impotência causada pela doença ou pelos tratamentos, ainda que transitória, é vivenciada como a castração ou a própria morte para os homens, que se sentem desvitalizados. Aspectos estes relacionados com os mitos culturais: sexo é da responsabilidade masculina, ereção = virilidade = homem exitoso9. Conforme Moscheta e Santos (2012) o Grupo de Apoio aos pacientes diagnosticados com Neoplasia de Próstata funciona de forma a complementar os cuidados aos pacientes, tendo como principal característica a função de oferecer um contexto de socialização e compartilhamento de sentimentos e emoções trazidas por uma doença grave, que carrega consigo um estigma de ser potencialmente fatal. Por se tratar de uma patologia revestida de vários tabus na cultura ocidental, a vivência da doença pode ocasionar rompimento de laços afetivos importantes e necessárias ao bem-estar psicossocial do ser humano. Moscheta e Santos ressaltam ainda que10, os grupos de apoio trazem muitos benefícios aos pacientes como: amparar as angústias despertadas durante o enfrentamento da doença, à reabilitação psicossocial e a possibilidade de criação ou manutenção de uma rede de apoio Psicossocial, considerada fundamental para auxiliar no tratamento da doença. Conforme Araújo et al, no contexto de “ser homem” os Grupos de apoio permitem construir9, reconfigurar e redefinir significados atribuídos a sexualidade, a atividade sexual e a masculinidade, os autores concluem que a Neoplasia de Próstata é uma doença ligada ao contexto social que pode proporcionar momentos de não inclusão, dor, tristeza e troca de experiências. Segundo Maruyama e Zago a neoplasia é uma doença que leva o sujeito a vivenciar desconfortos que acarretam impactos emocionais no indivíduo, pesquisas que promovam estratégias de enfrentamento capazes de reduzir a dor amenizando o sofrimento nas diversas fases da doença, se faz necessária11. Ainda segundo os autores supracitado a Psicoterapia Breve de orientação na Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), demostra eficácia com pacientes hospitalares, dada a utilização da prática de Psicoterapia Breve, com estratégia e foco, em um ambiente onde o profissional lida com as crenças do paciente em relação ao diagnóstico, e prognóstico do mesmo. De acordo com Straub o objetivo da Psicologia da Saúde é o aperfeiçoamento da saúde, prevenção e o tratamento de doenças7. Para alcançar este objetivo, a atuação do Psicólogo deve estar voltada a identificar fatores Psicológicos, Comportamentais e Sociais, promover e manter a saúde, prevenir e tratar doenças e contribuir para melhorias no sistema de saúde e em políticas voltadas a saúde. Silva et al entendem que a Psicologia da Saúde tem se estruturado como importante campo de atuação da Psicologia e tem se centrado na prevenção e promoção da saúde, tratamento de doenças, e que busca compreender aspectos físicos, sociais e Psicológicos envolvidos neste processo12. CONCLUSÃO O estudo proposto identificou que os impactos psicológicos estão relacionados às crenças e sintomas que norteiam o diagnóstico de neoplasia de próstata, trazendo consigo sofrimento e incertezas aos pacientes e familiares, bem como dificuldade de prevenção para os homens destacando o machismo e a timidez por expor suas situações corriqueiras, entende-se que este é um ponto relevante para o aumento dos casos de neoplasia no estado de mato Grosso do Sul e na capital, Campo Grande. Os dados apresentados não destacou faixa etária dos homens e casos diagnosticados, neste sentido os pesquisadores entendem que a prevenção deve ser de forma geral iniciando nas Universidades e Centros de Atendimento a população geral. O estudo apontou ainda que a Psicooncologia tem como parâmetro contribuir principalmente nas intervenções de casos clínicos e diagnosticado desde o período em que o profissional da Psicologia, esteja em formação, caracterizando a importância do estágio obrigatório ser desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde e nos Centros Oncológicos e Hospitalares, esse desafio pode gerar uma mudança do cenário que acomete os homens, sendo responsável pela maioria das mortes por câncer masculino atualmente. Conclui-se na referente pesquisa que o número de casos e a detecção tardia envolvem o desleixo do homem para os cuidados com a saúde, mas principalmente aspectos relacionados à sua própria existência, ou seja, tem relação direta com a sexualidade, impotência onde o impacto pode gerar uma imagem negativa que o homem tem sobre a sua sexualidade, uma vez que a próstata faz parte do “imaginário” masculino de virilidade e machismo. Assim, pode-se dizer que angústias e medos fazem parte da singularidade do homem, e tem muito a ver com a construção do conceito subjetivo de ser humano. Quando do diagnóstico de neoplasia, tanto o paciente, como os familiares lidam com a novidade da descoberta, não conseguem compreender, de igual modo, não sabem como lidar com esse diagnóstico, traz consigo sintomas como: descontentamento, medo, desesperança, e impotência frente a doença considerada, na maioria das vezes grave. Afetam todo o contexto e rotina do paciente e familiar. A Psicooncologia vem atuar de forma a contribuir para o bem-estar desse paciente. O papel do Psicólogo hospitalar é intervir de forma acolhedora, tanto com o paciente, quanto aos seus familiares, trazendo esclarecimentos nas diversas dúvidas que aparecem junto ao diagnóstico da neoplasia. Dessa forma a Terapia Cognitiva Comportamental tem se mostrado eficaz no tratamento de pacientes com Neoplasia de Próstata, pois, a mesma contribui na ressignificação das crenças do paciente, alterando a forma como o mesmo se vê perante a sociedade, modificando assim, a percepção no contexto psicossocial. O presente trabalho possibilitou conhecer mais acerca da neoplasia de próstata e os efeitos Psíquicos no ser humano. Mostrou-se pertinente em relação à importância da intervenção do Psicólogo Clínico, que o faz de forma direta (no paciente, familiares e profissionais da saúde) ou indireta (palestras, intervenções em grupo), agindo de forma social, junto à sociedade, atuando de forma a “fazer” Psicologia, ou seja, de forma ativa, para a melhora da qualidade de vida das pessoas. Ficou claro à necessidade da atuação acadêmica sair do campo teórico e praticar a Clínica Ampliada durante a formação do bacharelado, pois trará confiança e experiência na prática clínica. Sentimos honrado pela oportunidade de fazer parte deste processo, que fora árduo, trabalhoso, mais extremamente satisfatório e realizador. REFERÊNCIAS 1. HART, C.F.M. et al. Câncer uma abordagem psicológica. Porto Alegre: AGE, 2008. 2. TONON, L.M; SECOLI, S.R.; CAPONERO, R. Câncer colorretal: uma visão da abordagem terapêutica com bevacizumabe. Revista Brasileira de Cancerologia. V.53, n.2, p.173 - 182,2007. 3. LIMA, R.B. de; HAHN, G. V. Câncer De Próstata E Sua Relação Com A Sexualidade Masculina: Produção Científica Brasileira. Destaques Acadêmicos, Lajeado, v. 8, n. 3, p. 70-86, 2016. ISSN 2176-3070< acesso em 20 de set. 2018. Disponível em: http://www.univates.br/revistas/. 4. TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 8. ed. Porto Alegre, 2012. 5. MARIEB, E.N; HOEHN, K; Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 6. CARVALHO, V.A. et al.(org.). Temas em psicooncologia. São Paulo: Summus, 2008. 7. STRAUB, R.O. Psicologia da saúde uma abordagem biopsicossosial. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 8. TOFANI, A.C.A.; VAZ, C.E. Câncer de próstata, sentimento de impotência e fracassos ante os cartões IV e VI do Rorschach. Revista Interamericana de Psicologia, v. 41, n. 2, p. 197-204. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, 2007. Disponível em: <http://www.psicorip.org/Resumos/PerP/RIP/RIP041a5/RIP04121.pdf >. Acesso em: 25 set. 2018. 9. ARAÚJO, J. SILVA, V.M; SANTANA, M.E.V; SOUSA, R.F; FERNANDES, R. As representações sociais de homens sobre câncer de próstata. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online. v.5, n 2. RJ, abr./jun.2013. Disponível em:<http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/viewFile/2135/pdf_800. Acesso em: 25 set.de 2018. 10. MOSCHETA, M.S; SANTOS, M.A.S; Grupos de apoio para homens com câncer de próstata: revisão integrativa da literatura. Ciência e Saúde Coletiva, v.17, n. 5. Maio 2012. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012000500016&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 25 set.2018. 11. MARUYAMA, S.A T; ZAGO, M.M.F; O processo de adoecer do portador de colostomia por câncer. Revista Latino-América de Enfermagem, Ribeirão Pre-to, v.13, n. 2, p. 216-222, 2005. 24 Disponivel em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692005000200013>. Acesso em: 18 out. 2018. 12. SILVA, G.A; VIANA, J.A. PSICO-ONCOLOGIA: uma aliada no tratamento de câncer. 2017. Monografia (Conclusão do curso) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Faculdade de Psicologia, Arcos.
Título do Evento
CONINS - I Congresso Interdisciplinar em Saúde do MS
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do I CONINS - Congresso Interdisciplinar em Saúde do MS
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PAIVA, Francisco de Assis Sebastião de; JUNIOR, Arthur loubet; CRUZ, Débora Teixeira da. A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOONCOLOGIA NO DIAGNÓSTICO E DESMISTIFICAÇÃO DA NEOPLASIA DE PRÓSTATA.. In: Anais do I CONINS - Congresso Interdisciplinar em Saúde do MS. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conins/190410-A-CONTRIBUICAO-DA-PSICOONCOLOGIA-NO-DIAGNOSTICO-E-DESMISTIFICACAO-DA-NEOPLASIA-DE-PROSTATA. Acesso em: 19/07/2025

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